"the Messenger test
Quando eu andava de coração estraçalhado, esta senhora (que, na altura, vivia a apenas duas ou três secretárias de distância) era das maiores defensoras que aquela fase de ratazana-deprimida ia passar. Que dali a uns tempos ia olhar para trás com um grande amor ao lado e ia ficar a pensar no tempo perdido a lamentar uma relação falhada. E a sentir-me estúpida. Claro que aquilo me entrava por um ouvido e saía por outro. O único discurso que me fazia sentido era "vou ficar sozinha para toda a eternidade, sou a pessoa mais infeliz do mundo, de certeza que não há ninguém no planeta terra a sofrer tanto como eu, é completamente impossível, porque isto é uma forma de sofrer totalmente inovadora e nunca antes experienciada por ninguém". Hã hã. O que mais me fascina no maravilhoso mundo das relações é como é que pessoas por quem éramos capazes de dar um rim (ou os dois), ao fim de um tempo (que demora a chegar, mas chega sempre) se tornam completamente irrelevantes e indiferentes. Mas é uma indiferença sentida e real, não é aquela falsa indiferença do "agora vou-me armar em esperta e fingir que não quero saber mais nada de ti mas, na verdade, não quero eu saber de outra coisa". Não, falo mesmo da indiferença-indiferença, o deixarmos de ter interesse no que a outra pessoa anda a fazer, o que almoçou, com quem saiu, aquela coisa obsessiva e doentia que nos faz querer saber cada passo e que nos faz imaginar muitas histórias em torno disso (tipo, uma amiga disse-nos que o viu a lanchar às 17.30, mas ele lancha sempre às 18.00, se foi lanchar mais cedo é porque de certeza que já anda metido com outra, o cabrão!). Para mim, o grande teste da indiferença é se uma pessoa que já foi muito importante na nossa vida entra no messenger e isso não nos faz saltar o coração pela boca. Se já não ficamos ali naquela tensão do "falo-não-falo", se o estômago já não se contorce de ansiedade à espera que a outra pessoa meta conversa connosco, se não ficamos ali a analisar o nick que escolheu, se está no estado ausente ou ocupado. Quando a janelinha com o nome se abre e não estamos nem aí, então é porque a paixão se curou de vez. Caso contrário, se ainda há estremecimentos, palpitações, sensações de desmaio, então é porque a coisa está para durar. Parte boa: há um dia em que vai passar. Quando? Sabe Deus. Mas eu estou com vocês, hã?"
não fui eu que escrevi
mas hoje acho que podia ter sido.